domingo, março 28, 2010

Os filhos do Estado

Caiu-me na caixa do correio este texto, assinado por Miguel Angelo Santinho Barata. Parece-me verosímil e não é mais do que o retrato de um fenómeno corrente no país...




«De acordo com os dados disponíveis, que datam ainda de 2008, existem em Portugal cerca de catorze mil crianças institucionalizadas, em situações de protecção que resultam dos mais variados cenários, consubstanciados nos maus tratos de toda a ordem a este universo de crianças e menores, bem como resultante da incapacidade financeira dos progenitores.



Cada criança que vive á guarda das respectivas instituições de acolhimento custa ao Estado português, em números redondos, 800 euros/mês.


Na verdade é só fazer contas. Nem é contabilidade e engenharia financeira complexa. É pura aritmética, de tal modo simples e objectiva que foi talvez por isso mesmo que acabou por escapar a este governo, como de resto tem escapado a todos os que tem passado pelo poder em Portugal , nos últimos anos, uma questão tão importante como esta . Mas se a este governo, tão balanceado para as questões sociais de fundo, escapou este pormenor, foi porque de facto este tema lhe serviu apenas para agitar bandeiras em nome de um Estado Social que de imaginação e criatividade parece ter pouco ou mesmo nada. È que além de gastar desmesuradamente, muitas vezes canalizando enormes verbas para algumas instituições de acolhimento cuja credibilidade e seriedade poderão ser, legitimamente postas em causa, o governo socialista não tratou com seriedade a questão da protecção social ás famílias. Porque a protecção social nunca será só uma questão financeira e orçamental, mas também uma questão de afectos e laços de sangue, a que os irmãos da fraternidade da rosa sempre se proclamaram tão ideologicamente ligados.


Quando se fala num valor entregue a cada instituição de acolhimento, um pouco acima dos 800 euros por criança, estamos a falar de um modo sustentar uma “espécie de negócio” de caridadezinha, à boa maneira do tempo da outra senhora, retirando ás muitas famílias, que se vêm desmembradas de filhos em tenra idade, quantas vezes por razões de circunstância trágico financeira, de poderem manter a sagrada estrutura que por certo representa a sua família.


Mas o que deveria então o governo fazer para inverter este cenário (?).


Pois muito bem; à excepção daquelas crianças e adolescentes menores de idade, que por maus tratos físicos de todas a espécie ou mesmo por violência de carácter psicológico são entregues á protecção do Estado, todas as outras, sobretudo aquelas que são retiradas aos progenitores por razões de ordem económico, ou seja , por manifesta incapacidade de dar resposta ao seu sustento, deveriam manter-se no seio familiar, sendo que parte da verba disponibilizada para as instituições seria utilizada então no sentido de solucionar parcialmente as carências financeiras dos progenitores face ás suas crianças.


Isto sim, isto é que seria uma política de verdadeiro apoio social ás famílias e uma autêntica protecção ás crianças no sentido da conservação dos seus afectos e defendendo deste modo os reais valores da Família, numa sociedade que para ser mais desenvolvida, próspera e justa, não pode abdicar de tal património.


Sabe-se que mais de metade das crianças institucionalizadas não o estão por razões de violência física ou psicológica, mas porque a condição económica dos seus progenitores para aí os levou. Com uma política de autenticidade e realmente séria neste particular, o governo pouparia muito dos cerca de 1 400 milhões de euros/ano que disponibiliza para as tais instituições de acolhimento.


Na verdade é muito difícil acreditar que o governo alguma vez se tenha preocupado seriamente com esta questão, sobretudo vista desta forma integrada ou seja, protecção/família/criança/utilidade do investimento. (?) Ou será que existem outros interesses, defendidos até á exaustão por alguns lóbis que fazem das misérias sociais a sua forma de vida e o seu ganha pão, à semelhança de outros tempos em que se brincava a uma outra “caridadezinha” de tão má memória (?)


Pois é, as instituições de acolhimento empregam pessoas, dão afinal trabalho a muita gente e quem sabe…saldo positivo ao final do ano, apesar de serem instituições com estatuto alheado do lucro.


E porque há tantas crianças institucionalizadas (?) Não acontece tudo apenas por vontade dos tribunais. Até chegar ao momento da decisão do Juíz, cada processo passa pela mão de muitos agentes envolvidos, mas cuja seriedade e os interesses a de alguns deles, a maioria dos cidadãos desconhece. Tudo isto num país que caminha para um cenário em que a adopção, a médio prazo, será banalizada.


Há os que há muito lutam por isso. E há muito que se sabe quem eles são.


Afinal vivemos numa espécie de país modernaço com gente modernaça , feita de tiques de vanguardismo infantil e globalizador, e em que os pobres perderam o direito á procriação, sendo que ao cometerem esse delito, os seus filhos serão, mais tarde ou mais cedo, propriedade do Estado. »

quinta-feira, março 25, 2010

Pequenas mentiras e grandes mentiras...

Anda o país intochicado com a questão de saber se o primeiro-ministro José Sócrates mentiu ou não mentiu sobre o negócio da TVI, coisa que não tem nenhuma importância perante a dimensão das mentiras acumuladas sobre a situação económica e financeira.
Se virmos os sucessivos relatórios das entidades publicas nacionais e europeias somos forçados a concluir que todas têm andado a mentir durante todo este tempo sobre as contas públicas.
Tomando em conta a incongruência entre os diversos documentos que, ao longo dos últimos anos, retratam a situação macro-económica, forçosa é a conclusão de que as próprias estatísticas  foram falseadas, porque não corrigidas.
Todos os comentadores estão seduzidos pelos «mercados», comos e os mercados fossem milagrosos e imaculados. Toda a gente manda bitaites e diz disparates, uns para apoiar o governo e outros para o criticar.
O PEC e toda esta montagem que se vem fazendo não é mais do que uma operação concertada para arruinar o país e nos espoliar.
O que o governo tem que fazer é limitar a sua atividade aos recursos que tem, acabando com o enormíssimo desperdício que há na administração pública.
Não se compreende por que razão as empresas são obrigadas a fechar se não tiverem recursos que lhes permitam continuar a laborar e o Estado não pode reduzir os seus funcionários se não tem dinheiro para lhes pagar.
A voracidade do governo e da administração tem que ser contida.
Quem não tem dinheiro não tem vícios; não pode gastar o que não tem e muito menos pedir dinheiro emprestado quando nada indica que possa vir a pagar.
É essencial por os pés na terra e acabar com todas (rigorosamente) todas as despesas inúteis.
É essencial criar condições que nos permitam evitar a fome, o que só é possivel com o aproveitamento dos recursos internos, visando o equilibrio da balança alimentar.
Nada será resolvido com uma simples mudança da corte e a continuação dos mesmos hábitos, da mesma economia artificial, do fosso entre a nossa produtividade e a dos paises mais avançados da Europa, porque destruimos recursos em excesso com atividades inúteis, que inviabilizam os preços.
As grandes mentiras estão, em boa parte, no artificialismo de diversas politicas que, visando a redução artificial  do número de desempregados, criou quadros absolutamente insustentáveis. É o que se passa com politicas de formação absolutamente incorretas, porque não qualificam, com políticas de subsídios que se limitam a tapar buracos e nada contribuem para a melhoria de produtividade e, sobretudo, com o esbanjamento generalizado na administração pública.
Quando se auditar o Plano Tecnológico concluir-se-à, seguramente, que se trata de uma das maiores vigarices do primeiro quartel do Seculo XXI.

Um insulto aos idosos...

Passei há dias pela minha aldeia e tive a oportunidade de ler uma carta que a Caixa Geral de Depósitos dirigiu recentemente aos reformados, entre os quais se encontra a minha mãe.
A carta fala da crise, na mesma onda em que sobre a mesma se tem falado nas televisões, como se fosse um mal, uma peste que tivesse vindo ao mundo e de que ninguém tenha tido culpa concreta.
Por isso, diz a Caixa, enganando os velhotes, que não pode pagar mais do que umas centésimas de juro, entre os 0,1% e os 0,3%.
É preciso refletir sobre isto...
Durante anos e anos a usura foi considerada crime. Hoje está, literalmente institucionalizada. Os bancos não pagam nada aos depositantes em renuneração dos depósitos à ordem, mas depois vendem esse dinheiro a preços disparatados, que no crédito ao consumo chegam aos 30%.
Os políticos do arco do poder pactuam entre si - em todos os paises da Europa - com um projeto de engano das populações, como se estivessem todos empenhados (e parece que estão) em salvar os especuladores em geral e as instituições financeiras em particular.
Toda a informação passada nas televisões tem o sabor de informação manipulada, cuidadosamente manipulada, para criar condições para os especuladores.
Mas os políticos não estão inocentes neste jogo... Vejamos só dois aspetos...
As taxas de juros no banco central estão pouco acima do limiar zero. Mas o banco central português, que é o banco do Estado, não se vai abastecer ao banco central europeu. Vai à banca comercial pagar as taxas «cozinhadas» paras entidades de rating, cujo trabalho, até pela dimensão das suas equipas, não merece nenhuma credibilidade nem nenhum respeito.
De outros lado os empréstimos ao tesouro feitos pelos portugueses são pagos miseravelmente, quando é certo que osa empréstimos contraidos junto da banca comercial são remunerados por taxas bem mais elevadas.
Custava muito ao Estado remunerar os depósitos dos idosos à melhor taxa que paga nos seus empréstimos?
Parece que não...
O que o Estado merecia é que esta gente, que tão humilhada está levante todo o dinheiros dos bancos e o guarde na enxerga. É o minimo que podem fazer, para que não lhes faltem ao respeito.

sábado, março 20, 2010

Uma economia parasitária

Leio no «Correio da Manhã»:

«O presidente da comissão executiva do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Espírito Santo Salgado, recebeu mais de um milhão de euros no ano de 2009. Os 1,050 milhões foram divididos em ordenados (435 mil), prémios (603 mil) e subsídios (12 mil), revela o relatório sobre o governo da sociedade entregue ontem na Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.
No total, o BES gasta 12,1 milhões em remunerações e prémios com o Conselho de Administração, que é composto por 27 membros, dos quais 11 executivos e 16 não executivos. A remuneração dos administradores executivos representou 79% do total da remuneração auferida pelo Conselho de Administração. O regime complementar de pensões dos administradores garante que o salário de referência para a reforma corresponde a cem por cento da última remuneração anual ilíquida. »

É a economia parasitária que alimentamos.
Depositamos o dinheiro nos bancos e não recebemos um cêntimo como contrapartida. Eles emprestam-no por valor que vão de 3% a 30% e não nos remuneram nada.
Era justo que retirassemos o dinheiro dos bancos. Aoi menos por um dia.
Talvez pensassem em nós...