sábado, novembro 29, 2008

Viva o Magalhães

Quando cheguei a São Paulo perguntou-me uma amiga se esta coisa do lançamento do Magalhães era mesmo uma homenagem ao Joaquim Magalhães, que foi durante mais de uma década, assessor cultural da Casa de Portugal de São Paulo.
Ele gostava mais do PS do que da família, sacrificava-se pelo seu partido e a homenagem parecia mais do qur justa à minha interlocutora.
Tive que a desmentir, com os maiores cuidados, desfazendo a patranha que lhe impingiram. Depois fiquei a pensar que melhor seria que o Magalhães do Sócratas homenageasse este e tantos outros Magalhães que deram a volta ao Mundo da nossa diáspora, do que o outro, mercenário que se vendeu a Castela para uma circumnavegação em que utilizou dados espiados do conhecimento português.
Fernão de Magalhães foi, literalmente um espião e um traidor, estando ainda por explicar quem o matou nas Filipinas, sendo que há quem sustente que foi alguém da inteligência portuguesa.
O valor acrescentado por Fernão de Magalhães à História de Portugal é o da traição, razão porque não deixo que os meus filhos tenham um computador que o homenageie, sobretudo porque ele era transmontano e os transmontanos são, por regra, gente séria.
Esta conversa de São Paulo permite-me sugerir que o governo emende a mão...
De cada vez que venho a São Paulo relembro com saudade o meu amigo Joaquim Magalhães, falecido em Janeiro de 2007, vai para dois anos.
Só agora, à distância, é possível que nos apercebamos da verdadeira dimensão do homem vivo, de figura miuda que ele era.
Sem margem para dúvidas, foi, durante mais de dez anos o maior promotor da cultura portuguesa que alguma houve em São Paulo.
Graças a ele, tive a oportunidade de conhecer o melhor da música portuguesa da última década. Dos Madredeus ao Carlos do Carmo, passando pelo Vitorinho e pelo Rao Kyao - desculpem-me de não falar de todos os outros - tudo passou pelo excelente salão de festas da Casa de Portugal de São Paulo.
Mas não foi só na música. Foi na pintura, na literatura, na poesia.
Para além da contratação directa, que sempre teve o apoio do comendador António dos Ramos, o Magalhães estava sempre atento à presença de uma figura da cultura portuguesa ou à preservação de um valor português.
Morreu, inesperadamente, e acabou tudo...
A Casa, que fica à frente do meu apartamento, de portuguesa só tem o brasão.
Nunca mais houve um espectáculo - e passaram quase dois anos. Usam-na para congressos de cabeleireiras, promoção de perfumes, reuniões políticas, espaço de milagres de igrejas novas e bem sucedidas.
Uma tristeza...
Ele foi-se, a família ficou - literalmente - na miséria e a cultura portuguesa acabou em São Paulo.
PS - Também não me choca que a escolha do nome de Magalhães possa ser uma homenagem ao José Magalhães, um homem dos homens que mas fez pela difusão das novas tecnologias da informação em Portugal.
O outro - o traidor - é que não...

Coisas desagradáveis...

Sou sócio da Casa de Portugal em São Paulo, que apoio há anos, em tudo o que posso apoiar, por respeito pela estirpe de portugueses que a fundou e a manteve até hoje.
A Casa é, antes de tudo, um lugar de emoção de portugalidade, no centro da maior cidade brasileira.
Funcionou ali, durante muitos anos, o Consulado Geral de Portugal em São Paulo, que o governo de Durão Barroso mudou para a Rua do Canadá, num bairro nobre mas de acesso difícil, por razões ainda não explicadas.
O PS - a que eu pertencia nessa época - denunciou a asneira e levantou suspeitas relativamente ao que estava por detrás. Parece que foi uma negociata, em que alguém ganhou muito dinheiro, mas abafou-se tudo.
A Casa de Portugal tinha dois eventos semanais notáveis: um era o baile da saudade, que reunia em cada domingo mais de 100 pessoas, quase todas de idade avançada. Acabou, acabando com ele a ligação da mais velha geração de sócios à sua Casa; outro era o almoço das quintas, que tem cerca de 60 anos, de modo ininterrupto.
Este almoço teve altos e baixos nos últimos anos. Mas é indiscutível que melhorou, de forma substancial, desde que o Mauro tomou conta dele.
Não é barato, para os preços do Brasil, sendo mesmo inacessível a qualquer emigrante português da classe média. Custa 75 R$, o que corresponde a cerca de 30 €, num país em que o salário mínimo é de cerca de 400 R$, ou seja cerca de 160 €.
Na última quinta-feira foi dia de homenagem ao Embaixador Francisco Seixas da Costa, que fez um excelente mandato no Brasil.
Homenagem justíssima, em que fomos todos brindados com um exelente discurso de improviso, em que Seixas da Costa disse coisas importantíssimas e sinceras, como acontece sempre que o ouvimos.
Lastimável é que alguém tenha a aproveitado a figura para fazer um negócio não esclarecido.
Seguramente que a «vedeta» não recebeu um cêntimo, como, com toda a justiça terá ocorrido, recentemente, com Roberto Leal, um artista muito querido no Brasil, mas que deve ser pago, justamente, pelo trabalho que realiza.
Todavia, o preço passou de 75 € para 150 € - o mesmo preço dos almoços ou jantares com Roberto Leal - aqui com a agravante de a qualidade ser, supimanamente, mais baixa do que a do excelente e rico buffet servido todas as quintas feiras.
Os frequentadores do almoço das quintas, esses não estavam lá, seguramente porque se sentiram ofendidos com a marosca. E com isso perdemos todos, a começar pelo Francisco Seixas da Costa, aque merecia ter ali os cidadãos activos que semanalmente comemoram Portugal na Avenida da Liberdade, em vez de um jet-set de plástico, que apenas se diferencia pelo dinheiro.
Muito mau... Se eu soubesse não teria ido, por mais que respeite o Embaixador Seixas da Costa, que nada tem a ver com isto.